Para quem jogar hoje em dia, River Raid seria uma amostra trash daqueles jogos genéricos de celular, ainda em Java, tipo aqueles bem toscos que vinham no Nokia 3310. Lembram? Entretanto, River Raid, lá pelos anos 1980, era o supra sumo dos jogos do Atari. Foi um dos primeiros shooters de rolagem vertical já criados e, ainda hoje, oferece uma experiência tensa mesmo sem tempestades de balas inimigas.
Criado pela primeira game designer da história, Carol Shaw, para o console Atari 2600, é considerado um clássico e um dos jogos mais populares de seu tempo, lançado pela Activision, o jogo tinha uma estranha jogabilidade que irei destacar neste primeiro artigo do Emulando aqui no Mundo Hype.
Gosto de shoot-em-ups, não que seja o melhor com centenas de tiros inimigos vindo em nossa direção. E o mais engraçado, foi um dos que mais passei tempo jogando, River Raid não tinha nem uma única bala inimiga voltada para você. Para quem não sabe, shoot ’em up é um subgênero dos jogos de tiro, onde o jogador controla o seu personagem em um ataque solitário, normalmente em aeronaves, disparando em um grande número de inimigos e evitando seus ataques.
River Raid possui uma jogabilidade simples, com algumas características em si, estranhas, para não dizer inexplicáveis. Um caça segue um rio que não se acaba, repleto de ameaças, enfrentando-as em uma batalha aérea, mas que não pode bater nas beiras do rio, que aparentemente estão bem abaixo da aeronave. Poderia ser um cânion? Simultaneamente temos aviões que sobrevoam as margens sem danos, preparados para chocar contra o seu caça, da mesma forma que navios nos rios, igualmente alguns metros bem abaixo.
Não tem lógica, né? Mas mesmo assim era legal demais. River Raid é um shooter de movimento vertical pioneiro, contrapondo com jogos de movimento horizontal mais comuns na época e adotando recursos diferentes para tergiversar 4 Kb de memória (série prata) e configurar os gráficos e a rolagem de fase infinita, além dos efeitos sonoros (whooshing sound) que acompanha o vôo do seu avião e quando abastecemos.
Como já tratamos a jogabilidade é fácil, mas bastante satisfatória. Os conceitos desenvolvidos foram tão surpreendentes que moldaram o próprio estilo. Ao controlar o jato com o seu joystick para os lados e disparar com o famoso botão vermelho do Atari, ao mesmo tempo que regulava a velocidade apenas pressionando o manete para cima ou para baixo, tínhamos na TV um jogo intuitivo, suave e divertido.
Com gráficos nítidos e sólidos, predominantemente verde e azul, bem definidos e identificáveis. Os inimigos nem atiravam, mas sem barra de vida, a confinação no rio e a preocupação com o combustível, o desafio estava para não voltar ao inicio de cada fase, sem falar que não podíamos atirar pra tudo que é lado, sem atingir os postos de combustível e ficarmos de tanque vazio. Os inimigos, que incluem jatos, helicópteros e barcos, tentam impedi-lo, colidindo com você. Os pontos eram ganho em destruir petroleiros inimigos (30 pontos), helicópteros (60 pontos), depósitos de combustível (80 pontos), jatos (100 pontos) e pontes (500 pontos). Cada fase, ou nível do rio, é dividido por pontes. Atire nas pontes e continuamos. Sem pause, a atenção era tremenda, a tensão com a quantidade de inimigos, redução do espaço e chegar no próximo checkpoint, sistema inaugurado pelo jogo.
E é evidente com essa soma de características que River Raid foi um sucesso, tanto que a Activision o levaria para a maioria das plataformas populares da época. Houve versões para toda a família Atari 8-bit, assim como o Atari 5200, como também para computadores compatíveis o Commodore 64, o IBM PCjr, o MSX e o ZX Spectrum. Quase todas essas versões que pesquisei parecem serem melhores do que o original do ATARI 2600, mas é essa que deixou a marca pioneira. Nostalgia que seja, o jogo marcou a minha infância, lembrando aqui quando anotava os meus pontos numa caderneta para comparar em outra sessão, deixou um vídeo para quem nunca jogou:
Diversão da boa, não acham? Gostaram, pois aguardem o próximo Emulando.