Desde o lançamento desse livro pela editora Suma que eu tenho vontade de lê-lo. A sinopse já me ganhou e a curiosidade estava grande. A leitura não decepcionou. Eu adoro histórias que envolvem famílias e filhos adolescentes e toda essa atmosfera de que as coisas boas e ruins acontecem, “Até nas melhores famílias”. Nós , bobinhos, é que pensamos que a grama do vizinho sempre é mais verde. E não! Não é.
Gatilhos: Estupro, linguagem imprópria, violência.
Em Uma família Perfeita temos Adam, Ulrika e Stella. Uma família tradicional da Suécia, respeitada e bem vista na comunidade em que moram. Adam é pastor de uma congregação na cidade, Urilka é uma advogada com uma carreira sólida. E Stella, a única filha do casal que tem apenas 18 anos recém completos. A gente começa a pensar em como seria a filha do pastor, e se você pensa que é uma garota recatada, amada por todos, bem vista, está muito enganado. Stella é o oposto. Tem uma personalidade fortíssima, uma impulsividade elevada, fala palavrão, sai para beber com os amigos e é uma adolescente incontrolável , naquela fase de “eu que mando em mim” , meus pais não podem mudar isso. Então ela desafia Adam e Ulrika o tempo todo. E comete alguns descontroles que um dia ainda pode acabar indo longe demais.
Ignorância é Poder
Um dia depois do trabalho Stella sai com os amigos, bebe, e chega em casa muito tarde. O pai acordado e muito preocupado. No dia seguinte, vem a notícia que um cara chamado Chris Olsen foi encontrado morto à facadas, Stella estava nas redondezas e para a polícia ela tinha alguma ligação com Chris. Então para desespero de Adam e Ulrika, a filha que ele enxerga ainda como uma menininha , vai presa. Adam fica desesperado e nessa primeira parte do livro acompanhamos toda a angústia dele, e eu fico pensando como esse cara que é pastor, que é tão correto, mas que também é um pai que ama a sua filha ,que não pode mentir em nome de Deus, que tem todo um código moral e de honra vai sair dessa enrascada? Seria ele capaz de mentir? De sustentar uma mentira?
Esse pai vai atravessar todo esse conflito entre proteger quem ama ou fazer o que é certo. E aí vamos ver que sim, Adam é pastor, mas acima disso é pai, e vai tentar sim fazer de tudo para tirar a sua filha da prisão. Inclusive Fornecer um falso álibe para ela e assediar outros possíveis suspeitos, vasculhar a vida de Olsen e tudo mais.
O amor é a mais difícil tarefa Humana. Eu me pergunto se Jesus compreendia o que estava pedindo da humanidade quando nos estimulou a amar ao próximo como a nós mesmos.
O livro tem capítulos curtos e um ritmo frenético. É uma leitura muito fluida e é dividido em três partes. O pai, a filha e a mãe. Cada parte mostrando uma perspectiva diferente e se aprofundando na mente desses personagens. Adam que é um super pai, protetor, sempre ligado à Stella. A Stella que é a “garota problema”, como ela desenvolveu essa personalidade , como ela lida com seus pais e todas essas questões familiares. Este capítulo vai entrelaçando fatos da garota na prisão, acontecimentos dela com a família e também vai dissecando os acontecimentos no dia da morte de Cris. Que tipo de envolvimento ela mantinha e como isso começou. E tem a parte da Ulrika , da advogada que tenta ver as falhas da maternidade. Ver onde fracassou. Se deixou de dar atenção à filha para focar no trabalho. Que lacuna ela pode ter deixado aberta para ter uma filha que claramente ela não se identifica e se culpa por isso. Ela, como uma advogada experiente e habilidosa vai estar no Tribunal acompanhando o julgamento e aguardando a decisão final de Juiz.
Essa família cheia de altos e baixos e com vários problemas varridos para debaixo do tapete vai sentir na pele como é ser pai e mãe de uma pessoa suspeita de assassinado. A opinião pública, o julgamento das pessoas e da justiça, a incapacidade de erguer a cabeça perante a sociedade. E todos esses conflitos que esses Problemas provocam. Mas sem jamais deixar de apoiar, acreditar e amar Stella. Que parece fria, impessoal, uma filha ingrata. Uma força da natureza. Uma peça de quebra-cabeça que parece não se encaixar nessa família. O livro conta com outra personagem interessante: Amina, melhor amiga de Stella. Amigos sabem de tudo, até do que a família não sabe. Então terá importância também nessa história. Este livro me lembrou “Em defesa de Jacob”. Outro título muito bom nessa linha de suspense e investigação criminal.
É isso que as famílias fazem. Elas se protegem.
Gostei demais do livro. Achei uma pena ele ser avaliado com algumas notas baixas em outras plataformas por aí. É uma leitura extensa mas para mim valeu cada página. Achei muito bem escrito, instigante. Foi aquele livro que me fez pensar “Vou ler só mais esse capítulo” e já partia para o próximo. Talvez pessoas que já estão nessa fase de ser pai e mãe, que tem filhos adolescentes vão se identificar mais com essa leitura. Mexe com a gente, nos traz questionamentos, empatia e tudo mais. O autor M. T. Edvardsson trabalhou bem esses conflitos e angústias familiares. Os plot twists também achei sensacionais. Trouxe no final uma reviravolta impressionante que eu não esperava e que me deixou oscilando entre a incredulidade e a revolta.
E vocês, gostam também daqueles thrillers de roer as unhas? De famílias cheias de segredos?
Então coloquem na lista de vocês. 🙂
Sobre o autor
M. T. EDVARDSSON é escritor e professor de Trelleborg, na Suécia. Já escreveu três romances e dois livros para jovens leitores. Atualmente, Edvardsson vive em Löddeköpinge, na Suécia.