Review | Trovões no Rio Negro, de Marcello Fontana e Bruno Büll

Review | Trovões no Rio Negro, de Marcello Fontana e Bruno Büll

Começando o 2020 com mais resenhas de HQs nacionais, e Trovões no Rio Negro é a primeira edição que chegou em nossas mãos. Um título independente lançado por Marcello Fontana e Bruno Büll, durante a CCXP 2018.

Com roteiro de Fontana e arte do Bruno, Trovões no Rio Negro, é um weird western à brasileira, que apresenta Diyao (Lontra na língua tukano), um menino indígena nascido no alto Rio Negro.Ele tinha tudo pra tornar-se um guerreiro para seu povo, mas infelizmente não suportou o ritual de passagem “o que faz doer”, e foge, envergonhado, deixando pra trás, sua vida e seu amor. Anos depois, adulto, agora conhecido como o Índio Diabo, envolvido com o crime da periferia de Manaus, acompanha um grupo de malfeitores para um assalto em um barco clandestino de garimpeiros. O que ocorre é uma cena clássica de faroeste, ocorrendo na Amazônia. Sem spoilers daqui em diante, só a análise da obra. O que podemos ainda adiantar é que o sobrenatural também está ali na floresta, e elementos sobrenaturais irão e inesperados de seu passado irão se colocar à frente de Diayo.

O álbum Trovões no Rio Negro é um one shot, assim o roteiro de Marcello Fontana é bem dinâmico, seguindo o estilo de Will Eisner e dos italianos da Bonelli, em contar uma narrativa com protagonismo voltado ao contexto do cenário. No caso, temos uma história ambientada na região amazônica, mostrando um pouco do povo indígena e seus mitos. Em meio ao que ocorre no atual âmbito nacional é uma HQ que dimensiona os aspectos dos crimes que ocorrem na região, referente em suma aos grileiros e garimpeiros. Um conto de 24 páginas de bastante ação que reúne o misticismo, a floresta em si, os atos criminosos, o cotidiano outrora alegre dos povos indígenas, agora corrompido pela tal civilização.

A arte lembra muito Tex, Dylan Dog e Conan, em PB, que sequência o roteiro num desenvolvimento muito interessante, o artista Bruno Büll tem um traço maravilhoso, que excede das hachuras nos cenários e nas sombras. Mesmo tendo uma história quase cinematográfica, não temos exageros nem poses impossíveis dos personagens, desenhos mais naturais possíveis.

A edição em formato álbum (21x29cm) capa colorida em papel de boa gramatura e bem diagramado, além disso há extras, como o texto de Lucas Pimenta que mostra o percurso dos índios nos quadrinhos, making of da edição, informações sobre cultura indígena e da região do Alto Rio Negro na Amazônia. Edição que merece está em sua coleção. Recomendamos

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