“Em março de 1961, teve início a Guerra Colonial, que envolveu as províncias pertencentes a Portugal na época, Angola, Guiné e Moçambique, durante 13 sangrentos anos, terminando somente com a revolução em abril de 1974 onde essas províncias alcançaram a autodeterminação. Durante esse período, Portugal, com poucos recursos econômicos e meios militares mais escassos ainda precisou manter uma campanha nas três frentes a milhares de quilômetros de Lisboa, Hoje, quarenta e três anos depois do conflito, os arquivos militares portugueses ainda são confidenciais. Pouco ou nada sabemos sobre as missões que os militares portugueses possam ter realizado fora do território nacional e sobre aquilo que encontraram.”
Para todos os efeitos essas missões nunca existiram.
Esse texto é somente a introdução que consta na edição da HQ Os Vampiros, e serve de respiro e guia antes de embarcarmos nessa viagem através do Senegal e pela suposta missão secreta que iremos acompanhar.
Desde as primeiras páginas temos uma ambientação que lembra os grandes filmes de guerra, como Apocalypse Now, Nascido para matar, Platoon. Logo no início com a caminhada na selva inimiga e as primeiras cenas de ação que desenrolam com o traço de Juan Cavia sabemos que algo está errado, escondido nas sombras das árvores, o crescente suspense e terror transbordam de cada página do mesmo modo que o sangue escorre pela história.
O que ajuda muito a tensão da hq é justamente a escolha do preto como “pano de fundo” as páginas possuem uma margem escura o que deixa um tom de morbidez através de toda a leitura. a cada descoberta do grupo de soldados, sinistras silhuetas perseguem cada um deles em cada local que adentram, porém, a pergunta que permeia cada fim de capítulo é: o que é real? E quem são os verdadeiros vampiros?
Aqui cabe um ponto que irá dividir opiniões, o desfecho, que nos deixa com mais perguntas do que respostas, e que talvez a loucura dentro de cada um possa responder, o grupo sucumbiu lentamente a insanidade que estavam passando? Cada decisão e cada bala disparada levaram os soldados ao seu inferno particular, onde veem que sua missão pode ter sido uma simples isca e o grupo um bode expiatório muito bem escolhido ou tudo uma inexplicável realidade.
O clima sombrio acontece graças a ágil narrativa de Filipe Melo e a arte de Cavia fazem a história passar em uma velocidade impressionante, toda a movimentação dos personagens e interação entre eles é muito bem coordenada no quadro a quadro, parecendo um curta metragem. E esse é a parte ruim da hq, ela termina.
Já que estamos em mês de Halloween, fica a dica de uma hq diferente que explora os vampiros de uma maneira interessante. Essa é a primeira dica para entrarmos no clima de terror. Até a próxima!