Review | Os Devoradores de Vidas, de David Brin

Inicio a review dessa HQ primeiramente com o objetivo de lhe situar qual a premissa dessa história, sem que sejam dados maiores detalhes ou spoilers, pois bem, imaginar cenários com futuros alternativos não é lá algo tão raro, principalmente atualmente, onde muitos autores e escritores abordam essa temática das mais variadas formas possíveis.

Imaginar uma realidade alternativa onde os Aliados não venceram a Segunda Guerra Mundial é um dos temas mais abordados, muitos têm como referência a obra O Homem do Castelo Alto do autor Philip K. Dick. Entretanto, a história de Os Devoradores de Vidas vai além de tudo que até então havia sido imaginado e nos coloca em um cenário onde, repentinamente, os milhares deuses nórdicos surgem em meio a Segunda Guerra Mundial (que até então parecia estar em seus últimos dias com uma possível vitória dos Aliados), porém tais deuses “inexplicavelmente” se aliam aos Nazistas fazendo pender abruptamente a balança para seu lado, levando assim a uma esmagadora derrota e morte dos Aliados. Algo bastante interessante nessa parte da história é a forma como o roteirista David Brin adaptou algumas das batalhas mais famosas e cruciais da guerra (que realmente aconteceram “na vida real”), porém ao invés da vitória ser dos Aliados a história conta como os Nazistas as venceram tendo, é claro, a ajuda dos seus novos amigos “sobre-humanos”.

Décadas se passam após a chegada repentina dos deuses nórdicos, liderados por Odin e todos os seus, com destaque para o impiedoso Thor, que não mede esforços para destruir seus inimigos. Os Aliados ainda tentam reerguer suas forças aos poucos unindo esforços e deixando diferenças históricas entre nações de lado por um único propósito, vencer seus inimigos e trazer a liberdade, entre as opções de ajuda surge um personagem da mitologia nórdica que não é lá conhecido por honrar com suas promessas oferecendo-se a ajudar, entretanto o que restou dos Aliados são obrigados a aceitar toda a ajuda prol de obter vantagens na guerra. Eis o dilema, será que tudo é válido para se conquistar o bem maior? Até onde podemos confiar em um desertor que até pouco tempo atrás estava ao lado dos deuses nórdicos? Poderá a raça humana ser capaz de bater de frente com toda a força divina dos deuses nórdicos?

Ao término da leitura, posso dizer que este é um belo exemplo de uma história aos moldes das melhores “o que aconteceria se…” ou até mesmo “e se as coisas tivessem continuado dessa forma…”, trazendo um excelente trabalho criativo da equipe responsável pela produção de Os Devoradores de Vidas. Além de um roteiro tão bem trabalhado temos também desenhos e artes belíssimas feitas por Scott Hampton que nitidamente foram feitas propositalmente para se encaixar com o tom da história, fazendo com que em alguns momentos o leitor pare para observar atentamente a riqueza de detalhes de cada página. Enfim, recomendo a todos a leitura dessa HQ!