Review | O refúgio do Marquês, de Lucy Vargas

O Refúgio do Marquês é um romance de época publicado pela Editora Charme da autora brasileira Lucy Vargas. Conheci a escrita da Lucy Vargas a alguns anos, e até tive a oportunidade de encontrá-la em um dos eventos do Clube do Livro BH. Ela é um amor de pessoa, e garanto que isso se reflete em sua escrita.

Mesmo conhecendo a escrita da Lucy e ser uma fã incondicional de romances de época, tenho que contar que me surpreendi com O refúgio do Marquês. Esse livro foge ao normatizado mocinho libertino e mocinha virgem. Aqui vemos dois personagens vividos, frustrados e traumatizados com suas experiências passadas.

Caroline é uma baronesa viúva, que viveu um relacionamento ruim com seu falecido marido, começando com o modo em que ele garantiu que ambos iriam se casar. Ela não confia em homens, mas entra na vida de Henrik devido à sua situação financeira e um belo empurrãozinho da marquesa viúva. Já Henrik é um homem que é assombrado todos os dias por uma esposa enferma (e completamente maluca), que precisa lidar com culpas do passado, a mulher debilitada e ainda cuidar da filha de 5 anos que tanto ama.

Esses dois tem os caminhos cruzados quando a marquesa viúva decide que o filho não pode mais viver no completo isolamento e chama Caroline para ser uma espécie de organizadora da casa do marquês: ela é uma convidada, mas que tem a missão de fazer com que a residência, e o próprio marquês, voltem ao esplendor de seus dias. Claro que não será uma tarefa fácil, visto que o marquês é um tanto cabeça dura e assombrado demais por seu passado para ter forças para seguir em frente.

_Lydia, esta é Lady Caroline. Ela é uma parente distante da sua avó. E ela resolveu se instalar aqui em casa porque é completamente insana e nunca para de fala. Mas é uma dama, então trate-a como tal.

A partir daí, é só amor e risos. O relacionamento de Caroline e o Henrik é daqueles cheio de farpas, onde ela tenta colocar a casa e a vida do homem em ordem, enquanto ele só está ali, e acaba se afeiçoando a ela. No inicio, ele só quer que Caroline vá embora, mas depois percebe que a presença dela ali é necessária, e diversas vezes Henrik precisa lutar contra o que sente, ora gostando de Caroline, ora tendo que lidar com marcas do passado seu e de sua esposa.

_Milorde! – Caroline soltou o guardanapo sobre a mesa e ficou em pé.  – Se não for busca-la, eu mesma irei. Há algo de muito errado com esse lugar. E amanhã estarei bem aqui. Depois de amanhã também. A menos que me coloque no seu ombro e vá desovar meu corpo no rio para ver se a corrente me carrega, aviso logo que não sou tão leve assim. 

Dos personagens secundários, dois merecem um grande destaque e uma estrela na testa são Lydia,  filha de Henrik, Lydia, com sua graça e fofura, além de inocência, e a mais doida e decidida lady desse livro, Lady Hilde Preston, mãe de Henrik. Essa mulher é sensacional. Eu ria muito sempre quando ela aparecia.

_Sinceramente, henrik. Você está pior a cada dia. – Ela balançava a cabeça.

_ A senhora é o meu exemplo, o que esperava?

Um personagem que detestei e Lucy arrasou nesse ponto foi Roseanne, a esposa de Henrik. Ela é uma mulher debilitada, extremamente desagradável e odiosa, que não consegue amar a própria filha e acaba fazendo da vida de todos um verdadeiro inferno. O que mais gostei é que Caroline, apesar de tudo que vê e ouve, não deixa a sombra de podridão dessa mulher tomar conta de si e da casa, e se esforça para transformar o local novamente em um lar, principalmente para Lydia.

Eu amei o livro e estou ansiosa para ler o próximo que se passa uns anos depois desse, contando sobre Lydia e sua melhor amiga, Bertha.