N. é uma graphic novel lançado pela Darkside Books, onde um conto do Stephen King é adaptado para os quadrinhos por Marc Guggenheim (roteiro) e Alex Maleev (arte). Estava ansiosa para ler esse livro, e fui surpreendida positivamente com o teor da graphic novel, desde a arte até o final do roteiro. O livro tem mais detalhes e mais elementos que o conto em que foi baseado, mas isso não é demérito nenhum, torna a imersão muito mais ampla e completa.
A editora Darkside Books trouxe para o Brasil uma história sensacional em uma edição primorosa, com atenção aos detalhes, folhas, capa e case. Ao olhar a case de N., par quem nunca leu o conto do King, não faz nem ideia do que esperar. N. é conto do livro Ao cair da noite, que primeiro foi adaptado para uma websérie, e, posteriormente, para graphic novel.
Em relação à história, Marc deixa claro logo no inicio que a adaptação ficou mais aprofundada a pedido da própria Marvel, e que o mesmo inseriu novos personagens e novos mistérios. Não encarem isso como uma alteração, e sim, como uma ampliação da escrita do King. E, posso garantir que essa ampliação feita por Marc e Alex ficou sensacional.
Sinopse: N. é uma história pesada. Logo no começo, o leitor sabe que o dr. Bonsaint, um psicanalista, se suicidou e que sua irmã tenta entender os motivos que o levaram a essa atitude extrema. Dedicada a explorar os medos, as inseguranças e as obsessões dos personagens, a história avança por meio de documentos e relatos de Bonsaint, bem como das sessões de análise com N., um homem que sofre de grave problema de toc (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e não consegue parar de procurar padrões em tudo que cruza o seu caminho. Aos poucos, os leitores vão se familiarizando com as origens do problema de Bonsaint e de N., conforme a obsessão do protagonista por uma formação de pedras no estilo de Stonehenge se aprofunda e o leva a um misterioso caminho sem volta. De forte e clara referência à atmosfera lovecraftiana, o conto é, segundo o próprio Stephen King, inspirado na novela O Grande Deus Pan, do escritor galês Arthur Machen (1863- 1947). Em uma espiral de ação psicológica que desafia a própria razão, o roteiro de Marc Guggenheim (que já escreveu X-Men, filmes, games e séries de tv) adapta a atmosfera sombria do conto de King, enquanto a arte de Alex Maleev (Demolidor e Mulher-Aranha) incorpora as misteriosas palavras do rei do terror.
N. antes de te apresentar o próprio paciente N., te introduz as terras de Ackerman, um local sombrio onde aconteceu uma tragédia. N., ao contar sobre sua história antes de desenvolver TOC, fala sobre essas ruínas, e sobre as pedras que queria fotografar. Pode parecer loucura mas, na lente da camêra haviam oito pedras, enquanto a olho nu, apenas sete. N. vai contando como sua sanidade foi se deteriorando e, cada vez mais, ele se sentia preso às terras e a certeza que precisa sempre garantir que haviam oito pedras ali.
N. acaba morrendo durante seu tratamento, e John, curioso, acaba saindo para procurar o local e se vê preso nessa rede de loucura, obsessão e contenção de um mal mais antigo que a própria humanidade.
Marc soube como adaptar uma história sensacional, deixando o leitor preso nas páginas, pois ansiamos entender o que aconteceu, o que vai acontecer e quem pode estar envolvido nessa loucura interdimensional. Para colaborar com o roteiro, as artes de Alex Maleev contribuíram para imersão completa na história. A mistura de pessoas reais com os traços desenhados dava um ar mais real, e, sem querer, mais angustiante para a história, pois, mesmo que por pouco tempo, nos ligamos bem mais aos personagens.
Para os fãs de terror, N. é uma obra imperdível, onde consegue, em poucas páginas, deixar o leitor ávido pela história, preocupado com os personagens e temeroso pelo mal que pode surgir caso o número oito suma dali.