Malorie de Josh Malerman, continuação do best seller Caixa de Pássaros foi o grande lançamento da Editora Intrínseca neste mês de julho.
Em um ano cheio de lançamentos de continuações, a pergunta que pairava no ar era: Caixa de Pássaros precisa de uma continuação?
O tão famoso livro de Josh Malerman é um livro controverso.
Normalmente quando ouvimos comentários sobre o livro é ou Amo ou Odeio.
No meu caso, gostei daquele livro e mesmo o final aberto me agradou, pois entendi que a intenção do autor não era nos contar o que eram aquelas criaturas, mas sim mostrar a luta de uma mulher para viver com duas crianças em um mundo totalmente novo e inóspito, onde não é mais possível olhar para as coisas, pois isso pode ser mortal.
E aqui em Malorie, a intenção de Malerman continua quase a mesma, porém desta vez ouso dizer que ele decidiu nos trazer um pouco de esperança.
Mas se você é daqueles que reclama de Caixa de Pássaros porque o autor não te disse o que eram as criaturas, de onde vieram e o que queriam, passe longe de Malorie, pois aqui isso continua não importando.
O que importa é como o mundo seguiu após a chegada destas criaturas. E como o ser humano pode tentar manter sua humanidade tentando simplesmente sobreviver.
E para nos contar isso, Malerman leva sua historia para um tempo futuro, onde voltamos a encontrar Malorie e seus filhos.
Logo no começo sabemos que eles passaram um tempo na escola de cegos onde chegaram no final do livro anterior, porém as coisas ali não deram muito certo e novamente eles precisaram fugir.
As crianças tinham seis anos. Hoje estão com 16, e sobreviveram estes 10 anos sempre seguindo as regras de Malorie, ou seja,
Mantenham os olhos fechados e não confiem em ninguém.
Olympia transformou-se numa garota cuidadosa e pacata, que não se incomoda em seguir as regras impostas pela mãe. Já Tom tem os hormônios da idade e uma alma aventureira, e para ele é difícil viver da maneira imposta por Malorie. Por mais que ele siga as principais regras, ele não se conforma que o mundo tenha simplesmente se escondido das criaturas, sem tentar lutar contra elas.
Ambas as crianças, por terem nascido sem ter a permissão de enxergar desenvolveram um grande “poder” de audição, e hoje conseguem saber simplesmente pelo som dos passos se estão próximos de um homem, um animal ou de uma das criaturas.
Eles vivem sozinhos num espaço que aparentemente foi um grande acampamento até que um dia chega ali um homem com uma proposta muito estranha.
Malorie, que até hoje não esqueceu a chacina ocorrida na casa onde vivia, não aceita receber ninguém. Tom deseja ouvir o que o homem tem a dizer, mas Malorie o expulsa.
Sem opção, o homem vai embora, mas deixa alguns papeis na casa, que vão mudar a vida desta família.
O ser humano não foi feito para viver sozinho. E também não sabe esquecer.
Ali naqueles papeis, Malorie encontra lembranças e uma esperança, e , sem saber se está tomando a decisão certa, decide sair em busca de algo que sempre lhe pareceu impossível: Sobreviventes!
E começa ai uma nova história desesperadora, onde Josh Malerman consegue manter o mesmo nível de tensão de Caixa de Pássaros, fazendo com que queiramos devorar o livro.
Desta vez sabemos o objetivo de Malorie e assim torcemos muito que ela tenha sucesso em sua busca, pois sabemos o quanto ela sofreu para sobreviver até ali, e que precisa de uma redenção.
Mas nada é fácil. As criaturas estão em todo lugar, e eles não podem olhar.
Novamente o autor faz a gente sentir medo do desconhecido. E é difícil não sentir um aperto no peito se colocando no lugar daquelas pessoas, tendo que seguir em estradas ou florestas com os olhos vendados.
Assim como no primeiro livro os personagens são muito bem descritos e logo são nossos amigos.
A gente consegue se colocar tanto no papel de Malorie, uma mulher quebrada, a mãe leoa doentiamente protetora que só deseja proteger os filhos, mesmo que seja para simplesmente sobreviver, quanto às vontades de Tom , agora um adolescente, que cansou de sobreviver e deseja poder viver uma vida livre e sem vendas.
Mas será que isso algum dia voltará a ser possível?
Muitas vezes me perguntei durante a leitura qual a razão para se viver assim.
Me vejo hoje numa luta para convencer meus filhos a usarem uma mascara, e por mais que o Covid seja uma ameaça, nem se compara a letalidade das criaturas, o que me faz pensar: Meus filhos usariam vendas??
Em tempos de Covid, é difícil não fazer associações de nossa vida atual com a vida dos personagens do livro. O quanto é difícil “não poder”.
Assim como no primeiro, este livro também possui muitas cenas tensas, sempre com aquele clima de que algo terrível vai acontecer.
Infelizmente em alguns momentos o nível de neurose de Malorie torna a leitura um pouco enfadonha, e houve uma situação desesperadora quase ao final do livro cuja solução foi “magica” demais, mas este momento trouxe uma informação tão importante e inesperada que acabei relevando.
O final, também traz um pouco mais de esperança do que o livro anterior e para mim fez valer a jornada.
Novamente, não importa o que são aquelas criaturas. Importa como Malorie e seus filhos lidam com a nova vida.
Não importa as pedras que apareçam em seu caminho. Importa se você as transformará em muros que te parem, ou escadas que te elevem.
Vai de você decidir o que vale mais a pena.
Para mim valeu a pena.
Leia e tire suas conclusões.
E você, já leu este livro? Qual a sua opinião?
Trouxe as respostas que você procurava?? Qual seu livro preferido do autor?
Entre os leitores de Caixa de Pássaros, em qual grupo você se encaixa: Amo ou Odeio?
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