Review | Horror Cósmico, de Aapo Rapi e Peppe Koivunen

Uma pergunta rápida, quantos quadrinhos ou livros algum de vocês já leu da Finlândia? Provavelmente a resposta será a mesma que a minha, nenhum! Quando falamos em quadrinho europeu imediatamente relacionamos com os franco-belgas e os italianos da Bonelli, mas a editora Skript surgiu com essa grata surpresa dos confins gelados finlandeses.

O título horror cósmico nos leva diretamente ao nome de H.P. Lovecraft e seus mitos, porém não espere o monstro tentacular que conhecemos das histórias do cavaleiro de Providence, aqui temos uma história de um vampiro e seu assistente precisando resolver problemas burocráticos.

Inusitado? Com certeza, mas no centro da história temos uma história de amizade, sim, a amizade de Conde Drácula e Igor que atravessam as noites tempestuosas com muito vinho e cigarros contando histórias dos tempos idos e citando grandes autores de horror, com um espaço até mesmo para um humor ácido entre as páginas, auxiliado pela arte de Peppe Koivunen bem cartunesca com cores chamativas e que deixa tudo curiosamente mais real que chegamos até a acreditar que em algum castelo perdido temos dois seres que passam o tempo questionando as escolhas humanas. Temos espaço até mesmo para uma aparição do lendário Van Helsing para tentarem resolver as desavenças de uma vez por todas com um desfecho no mínimo curioso.

A narrativa de Aapo Rappi nos brinda com uma história que passa rapidamente e quando menos esperamos tem o seu fim do mesmo modo que a noite se vai com os primeiros raios do sol da manhã, um material de qualidade e totalmente inesperado que a editora Skript trouxe, indicado para os leitores que gostam de histórias que saem da mesmice dos monstros góticos lamentando teatralmente exagerados e seus castelos lúgubres.

Vale citar que a HQ conta com uma ótima apresentação escrita pelo historiador Márcio dos Santos Rodrigues que serve para nos situar no desconhecido cenário finlandês, que também nos conduz em uma ótima entrevista com o autor nos extras, junto com uma resenha de Alexandre Linck do canal Quadrinhos na Sarjeta. Não podemos esquecer também do enigmático ser que segue pelas páginas com suas cartas de tarô, dando um ar místico em toda a história e relacionando seus significados com os caminhos que a narrativa toma. Uma excelente pedida para conhecermos um material diferente e variar as leituras.