Review | Herdeiras do mar, de Mary Lynn Bracht

Uma mergulhadora Haenyeo, da Ilha de Jeju.

Terminei esse livro em um mar de lágrimas.
Que escrita maravilhosa! Que personagens incríveis! Que história triste! Mas necessária para que conheçamos essa parte da história pouco falada e pouco conhecida.
Muita cultura envolvida. Muita informação. Eu me senti tão imersa na leitura quanto as mergulhadoras haenyeos nas profundezas do mar.

Hana vivia tranquilamente com seus pais. Ficou muito feliz com o nascimento da irmã , Emi. Ela e sua mãe vivem da cultura milenar da Ilha de Jeju. São Haenyeos, mergulhadoras que passam horas do mar à procura de abalones, polvos e outras iguarias e preciosidades encontradas no leito do mar. Um dia , sua irmã Emi nadaria com elas e seria também uma hábil mergulhadora e viveria da pesca tradicional na ilha. Mas esse futuro é anulado  pela chegada de um oficial japonês na ilha. Hana que tem 16 anos está na água com a mãe. Emi é uma criança de sete anos de idade, e por não ser madura o bastante para nadar, aguarda a volta delas do mar. Emi não pode ser vista pelo soldado. Hana percebe a presença do oficial e ,como uma nadadora experiente ela retorna rapidamente à areia. Consegue então, ocultar a presença da irmã mais nova. Mas não consegue se salvar do triste destino que a espera. O cabo Morimoto a Leva da Coréia para a Manchúria. Longe da família e ao lado de várias meninas até mais novas que ela, Hana não entende para onde e porque estão sendo levadas. Só depois ela descobre que foi trazida para integrar em uma rede de prostituição forçada. Ela seria uma das mulheres de conforto durante a Guerra e “serveria” sexualmente os soldados durante esse período passando por humilhações, abusos, torturas, estupros etc. Todas elas teriam seus cabelos com estilos de cortes iguais e receberiam nomes de flores. Hana agora seria Sakura (que significa flor de cerejeira). Desesperada, ela busca uma forma de se libertar desses dias tão tristes. Sonha em voltar para casa e para sua irmã. Uma façanha incerta.

Imagem rara das mulheres de conforto durante a segunda Guerra.

O livro é dividido em capítulos narrados por Hana e Emi. Hana no passado, contando os acontecimentos durante a guerra. Emi no presente, convivendo com a tristeza da perda e do luto eterno por sua irmã. Emi também tem seu baú de segredos, jamais revelado nem mesmo para seus filhos. Uma história dolorosa e emocionante.

Esse romance histórico foi impactante e marcante. Eu ia lendo e pesquisando sobre as haenyos, achei impressionante essa cultura e passei a admirar a cultura, a força, a sabedoria, a longevidade delas. Haenyeos de 20, 30, 90 anos e ainda ativas. Pesquisei também sobre a triste história das mulheres de consolo (ou conforto). Tem várias matérias e documentários disponíveis no Google e no YouTube. Foi uma experiência complementar que me trouxe uma visão mais ampla sobre a obra de março. Sugiro que façam o mesmo. Pesquisem! Vale muito a pena
Esse livro Merece a constelação inteira. E tem um lugar especial no meu coração hoje juntamente com “todas as cores do céu”. Outro enviado de muito sucesso da TAG em 2018.

Chorei enquanto lia. Chorei enquanto escrevia esta resenha para vocês.

Um livro para reacender as memórias e enxugar as lágrimas (inevitáveis).
Não preciso esperar 2020 acabar para eleger este livro como a melhor leitura do ano.