Dez dias em um hospício é um relato jornalístico cruel, que foi relatado em 1887 pela corajosa jornalista Nellie Bly, mas que, para quem conhece um pouco da história da saúde mental no país e no mundo, acontecia até pouco tempo atrás.
Nellie Bly relata nesse livro a experiência/investigação de ter ficado 10 dias no Hospício da Ilha de Blackwell, onde suas anotações foram publicadas no jornal World de Nova York e posteriormente publicadas em forma de livro. Livro esse que foi traduzido pela primeiro vez no Brasil pela Editora Wish em uma edição de colecionador incrível.
Dez dias em um hospício relata toda a preparação da jornalista para se infiltrar no local, como foi fácil se passar por louca, já que demonstra a falta de conhecimento dos médicos ao diagnosticar qualquer comportamento atípico como transtorno mental, além do descaso dos próprios médicos em ouvir a queixa e entender seus pacientes, dando um tratamento mais humanizado.
Além de todo o descaso dos médicos, Nellie Bly ainda relata os maus tratos que as pacientes recebiam das enfermeiras, que se tornavam verdadeiros monstros abusadores com os pacientes que não gostavam, a insalubridade do local onde as pacientes eram mantidas e que, ainda que ela não soubesse na época, o ambiente que contribuía cada vez mais com os disturbios que algumas pessoas relatadas no livro sofriam.
Quando passei por um pavilhão baixo, onde uma multidão de loucas indefesas estava confinada, li um lema na parede: ”Enquanto eu viver, terei Esperança”’. O absurdo disso ne atingiu com força. Gostaria de colocar acima dos portões que se abrem para o hospício: ”Quem entra aqui deixa a esperança para trás”.

Não espere um relato feliz ou uma final tranquilo para esse livro. Como jornalista, a autora deixa bem clara as suas ideias, relatando sua experiência sem muitas firulas ou perda de tempo.
Eu adorei a experiência de ler Dez dias em um hospício, de ver a coragem de Nellie Bly em se passar por uma doente mental para fazer sua matéria, e de como retrata a realidade cruel do tratamento de mulheres em uma época onde a medicina estava caminhando, mas estava bem longe do que temos hoje em dia. O livro é de leitura rápida, e que prende o leitor da primeira à última página.