Review | Contos Vol. 2, de H.P. Lovecraft

Review | Contos Vol. 2, de H.P. Lovecraft

O volume dois dos contos reunidos pela Martin Claret do mestre do horror cósmico desta vez nos leva por um viés onírico, o chamado ciclo dos sonhos de Lovecraft. Leia a review do volume um dos contos aqui. Com um ótimo prefácio nos posicionando nas inspirações de Lovecraft para os contos, bastante influenciado nos escritos de Edward John Plunkett Dunsany ou simplesmente Lorde Dunsany.

Lorde Dunsany foi um escritor Anglo-irlandês do início do século 20, e criou obras que definiram o gênero de fantasia e influenciaram os escritores seguintes, nomes como J.R.R. Tolkien, Robert E. Howard e Neil Gaiman são alguns exemplos que a escrita de Dunsany em Gods of Pegana (1905), Time of the Gods (1906) e The King of Elfland’s Daughter (1924) foi altamente inspiradora.

Nos nove contos compilados aqui, iniciamos com um poético texto nos dois primeiros contos, Celephaïs e A busca de Iranon. Em Celephaïs temos a incansável jornada pelos sonhos de Kuranes, para alcançar a maravilhosa cidade de Celephais. Em A busca de Iranon, seguimos o músico sempre jovial Iranon em uma busca pela sua terra natal, com belos momentos descritos e um triste final para o protagonista, que pode ser interpretado como um despedaçar dos sonhos e por isso seu triste fim nos pântanos do mundo antigo.

A Nau branca relata os dias de zelador de Basil Elton em um  farol de North Point, que embarca em uma jornada para terras distantes através de uma bela nau branca, chegando ao limiar do oceano e da consciência apenas para retornar e contemplar sua impotência perante a cobiça dos homens e de si mesmo.

A maldição que atingiu Sarnath, um tenebroso conto sobre o apogeu e a queda da bela Sarnath que sucumbiu a fúria de um antigo povo que havia sido massacrado pelos antepassados dos habitantes que residia na cidade, e por um dos antigos deuses. Aqui cabe uma observação, na época de publicação desses contos, Lovecraft ainda não havia criado seu panteão de criaturas e seres cósmicos, mas já era clara sua intenção ao descrever a tragédia que aconteceu em Sarnath.

Os gatos de Ulthar, um rápido conto sobre uma cidade que estabeleceu a peculiar lei em que nenhum gato deve ser morto, após um acontecimento sangrento e sinistro. Os outros deuses, o prepotente mago Barzai que se julgava o mais sábio entre os homens e por isso decide escalar uma montanha até o lar dos deuses antigos, com um pequeno gancho no conto anterior, nesta história vemos a punição ao excesso de confiança e audácia do mago ao se julgar merecedor de uma conversa com os Deuses.

Hipnos mostra a jornada de dois viajantes astrais, em que no final, temos um enigmático desfecho para a viagem de ambos, loucura ou realidade o que presenciaram? Em A chave de prata, temos um enigmático conto sobre Randolph Carter, que não consegue mais sonhar, forçado a seguir uma vida que não lhe satisfaz, ele parte para tentar reencontrar uma antiga chave que seu avô lhe havia dito que poderia destrancar a entrada para o antigo mundo dos sonhos. A chave de prata é uma continuação para o conto À Procura de Kadath e teve também uma sequência, Through the Gates of the Silver Key.

E o último conto A Estranha casa alta na névoa, a curiosidade do filósofo Thomas Olney, que passava as férias na cidade de Kingsport, o leva a investigar a estranha casa com porta para o oceano e a presenciar a onipotência de Deuses Antigos em singulares acontecimentos.

E com este conto encerramos a viagem ao ciclo dos sonhos de H.P. Lovecraft, consideravelmente menor em número de páginas do que o volume um dos contos, mas igualmente fantástico, o trabalho gráfico está realmente um diferencial, com cores fortes, dessa vez em verde escuro e um forte laranja, uma leitura indispensável aos fãs da escrita do mestre e uma inesquecível jornada ao limiar do sonho.

“Porque existem estranhos objetos no grande abismo, e aquele que procura sonhos precisa tomar cuidado para não provocar nem encontrar os erradoS” – A Estranha Casa na Alta Névoa

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