“Não somos mais que futuros cadáveres”
Em confissões do crematório, Caitlin Dought pega a nossa mão e nos leva à um passeio tão bizarro e fúnebre quanto cultural. Entramos com ela na “calorosa” funerária Westwind, onde a prórpia autora trabalhou durante alguns anos de sua vida como agente funerária ao lado de Mike, o proprietário, e Chris. A autora faz relatos fortes sobre a sua experiência durante esse período e confessa tudo sobre um assunto ainda tabu para a grande maioria de nós reles mortais: A morte!
Caitlin Doughty conta com certo bom humor tudo sobre cadáveres: Remoção de corpos, como funciona uma câmara crematória, o que acontece com um corpo até se transformar em cinzas, o processo de decomposição, o que os agentes fazem para retardar a decomposição do corpo, conta também sobre o sentimento das famílias e o deles enquanto agentes funerários, que se relacionam com a morte todos os dias, de diversas maneiras. Todos os dias recebendo corpos de idosos que tiveram uma vida longa, de bebês que nem chegaram a completar dois anos de vida. A morte ali impondo sua presença e se apresentando em muitas faces, seja por doença, seja por causas naturais, seja por assassinato, por acidente. Fala ainda em como os agentes funerários tentam amenizar a morte e preparar os cadáveres para estarem o mais apresentáveis e “bonitos” possíveis para o último adeus à sua família em seu funeral. Uma última homenagem, um último vislumbre de você.
“Não somos mais que futuros cadáveres”
Assim como a Caitlin eu vou confessar aqui que essa frase mexeu comigo e me impactou muito. Não deveria. Mas vivemos nossas vidas e evitamos pensar que um dia vamos partir. E há uma linha muito tênue entre a vida e a morte. Podemos esbarrar e escapar dela por um triz todos os dias, o tempo todo.

É um livro que sacia a nossa curiosidade de saber sobre algo que não estamos habituados a ver. Que não faz parte do nosso cotidiano embora a morte esteja aí todos os dias levando milhares de pessoas . Diferente da autora que diante à proximidade com a morte mudou completamente sua forma de ver a vida.
É uma leitura esclarecedora, é fúnebre. Ao mesmo tempo é também uma explosão cultural, já que a autora também nos apresenta a morte em outros aspectos, em diferentes culturas através dos tempos, trazendo à tona os mais diversos rituais desde a Era medieval onde se queimavam bruxas até os dias atuais.
A narrativa com certeza traz uma variedade de sentimentos e emoções: empatia, compaixão, desperta curiosidade, um frio na barriga, e por que não dizer um pouco de pavor?! Aliás, vale ressaltar, como a autora mesmo diz ” não somos mais que futuros cadáveres. A morte é a única certeza da vida”
Vale dizer que essa é mais uma edição primorosa da Editora Darkside. Amei cada detalhe. O livro é lindo esteticamente falando.
Sobre a autora:
Caitlin Doughty é norte-americana. Atua como escritora, Blogueira, YouTuber e agente funerária. Ela hoje é dona de sua própria funerária, a Clarity Funerals and Cremation, em Los Angeles.
Então é isso pessoal!
Confissões do crematório é um livro diferente. Toca em um assunto pouco falado. É para estômagos fortes. Muitas vezes incômodo, desconcertante e indigesto. Então sugiro que só leiam se estiverem bem. Ou se forem curiosos como eu, que mesmo com medo vão ler assim mesmo . Em período de pandemia o melhor a fazer é ler livros leves.
vamos fazer a vida valer a pena e viver bem até chegar a nossa hora.
E vocês, já leram temas assim?
Qual foi o livro mais diferente que vocês já leram?
Deixem a dica aí nos comentários. 🙂