Pode-se dizer que Gaiola de Ouro de Camila Lackberg foi o principal lançamento do mês de maio no circuito literário.

Camila Lackberg é uma renomada escritora sueca de livros de suspense. Ela vem sendo editada aqui no Brasil desde 2011 e tem muitos leitores fãs de seus thrillers policiais.
Sendo assim, quando a Editora Arqueiro informou que estava trazendo o ultimo livro da autora para o Brasil, os fãs de thrillers já ficaram eufóricos. E para aumentar este frisson, a editora ainda criou uma grande campanha de marketing fazendo publi literário com diversos booktubers e até uma live com a autora em seu Instagram.
O hype funcionou. De repente o Brasil estava lendo A Gaiola de Ouro.
Mas o livro é tudo isso mesmo?
Infelizmente, para mim, não, e vou lhes contar o porquê.

O livro conta a estória de Faye.
No presente ela é uma mulher submissa casada com um rico empresário.
No passado ela fugiu de uma cidade do interior por algo que não sabemos e foi para Estocolmo, onde mudou de identidade, entrou numa faculdade e conheceu Jack. Eles se apaixonaram e ela o ajudou a montar uma empresa que se tornou um negocio milionário, mas logo ela engravidou e então largou tudo para dedicar-se a família.
Acontece que Jack é o pior tipo de homem que você irá encontrar em qualquer livro da sua vida, e durante metade do livro sofremos com a submissão de Faye frente a este cara, pois é obvio que ele não presta.
No fim, Jack a troca por outra mulher, e como ele é canalha a 25ª potencia, ele ainda a deixa sem nada.
Mas o que Faye esconde?
Após ser traída, ela decide que irá se vingar, e como era uma mulher mega inteligente, logo se transforma numa rica empresaria em um mercado “quase sem concorrência” e monta um plano de vingança.

Saudades de Sidney Sheldon?
Eu tive. E não foram poucas saudades.
Pois na mão de Sidney Sheldon este livro seria ótimo, mas aqui parece que nada funcionou.
Durante a leitura eu achei que o problema fosse a época escolhida pela autora para situar a estoria do livro, pois fica difícil acreditar que uma mulher cosmopolita como Faye possa ser tão idiota em 2020. A trama combina com anos 80.
Mas o problema não é só esse não.
O problema é a mão pesada e panfletaria da autora.
A narrativa é extremamente fluida e a autora nos prende em seu texto, querendo saber o que vai acontecer naquela historia, mas o caminho vai ficando cada vez mais tortuoso e o final, além de diversos pontos inverossímeis, é completamente insosso.
O tom feminista deste livro para mim foi quase insuportável, e extremamente perigoso, pois aqui todos os homens são demonizados.
E não bastando isso, Faye faz tudo ao contrario do que ela prega para conseguir o que deseja. Como aceitar que uma mulher que deve ser um exemplo de Girl Power use seu corpo para conseguir o que deseja?
Que mulherzinha!
Ok, Jack é um canalha. E a autora exagera tanto nas cores do personagem que é impossível não odiá-lo. Nada ali se salva. Com certeza eu passaria com um carro por cima daquele cara.
Porém Faye não é nenhuma flor, e mesmo sabendo que Jack é um canalha, fica difícil aceitar muitas de suas atitudes.
Mas para mim, além do exagero com os personagens, o pior de tudo é o final, onde a autora ainda quis deixar Jack mais vilão só para ter um motivo a mais para Faye ter um plano rocambolesco, que não me convenceu em nada.
Este livro me ensinou que não existem câmeras de segurança em nenhum lugar da Suécia e que ser assassino lá é fácil, fácil. Que Lisbeth Salander não me ouça.
E por fim, a autora esqueceu o principal em um livro de vingança:
Para uma vingança ser bem feita, o vingado tem que saber quem foi seu vingador.
Estou esperando esta cena vital até agora, mas parece que a autora esqueceu que isso é essencial para um livro como esse.
Jack nem percebeu qual foi o trator que o atropelou.
Então, cadê a graça?
No fim, a autora me deixou com sangue nos olhos por 300 paginas, mas não me trouxe o que tinha prometido, e como não encontrei a tal cena, fiquei sem saber por que perdi dois dias da minha vida lendo este livro.

Tem gente que vai dizer que é porque o livro é uma duologia, mas se depender deste livro, não há necessidade de haver uma sequencia, pois a estória, sendo fraca ou não, é fechadinha.
Assisti a Live da autora no Instagram da Editora Arqueiro e a achei uma simpatia. Vejam no link ao lado, pois vale muito a pena.
Fiquei feliz em ouvi-la dizer que quis sim escrever um livro no estilo de Sidney Sheldon. Mas talvez este tipo de livro tenha ficado datado, pois aqui não funcionou.
Melhor que ela siga no estilo dela mesmo, pois estava caminhando muito bem.
Bora lá ler os seus livros antigos.
E você, já leu este livro? Qual a sua opinião?
E já leu outros livros da Camila Lackberg? O que achou? Tem um favorito para nos indicar?
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