Um dia normal em uma escola secundarista norte-americana. Até que de repente, de repente, num piscar de olhos, um instituto inteiro desaparece. Lotado de professores e alunos, era um dica comum e, agora se ver em meio a um planeta alienígena, cercado por uma floresta habitada por criaturas selvagens. Enquanto o pânico se establece no prédio e uma luta pelo poder irrompe, um grupo de seis adolescentes sai para a floresta para seguir o que parece ser uma trilha deixada por alienígenas, vendo uma chance que poderiam mostrar como oltasse para a casa. Esta é a narrativa de A Floresta (The Woods), série criada por James Tynion IV e Michael Dialynas, e publicada originalmente pela Boom! e por aqui pela Devir.
A história tem um ponto de partida que lembra The Drifting Classroom (“Escola à Deriva”) de Kazuo Umezu, um clássico do mangá de terror que foi publicado nos anos 1970, mas após a leitura, é evidente que o desenvolvimento da narrativa nos leva a Lost. Após a base da história ter sido lançada, cada número se concentra em um personagem e revela um pouco de suas histórias particulares em flashbacks. E, a propósito, a ação, a aventura e o drama adolescente tenham precedência sobre o quase constante mistério e tensão do local onde foram parar.
Podemos ainda alinhar a narrativa de A Floresta com Morning Glories de Nick Spencer e Joe Eisma ou Locke & Key de Joe Hill e Gabriel Rodriguez, marcada com aquele bom terror adolescente de Stephen King, mas embora haja um pouco de violência, é muito mais angustiante do que assustadora. Longe de ser um sucessor de The Walking Dead, e mais amparado na sobrevivência em um ambiente hostil e no desenvolvimento de personagens, A Floresta se centra mais na forma que aquele grupo sairá dali, num roteiro simples e ágil, sem grandes reflexões, sem rodeios desnecessários.
O novo ambiente é o mais sobressai na série. O roteirista desenvolve todo um cenário, no caso, um satélite como nossa Lua, ao redor de um planeta desconhecido, rico em todo tipo de vegetação e ameaça extraterrestres. Mesmo com seres que parecem com os do nosso planeta, são criaturas que desconhecem o medo e estão ali para se alimentar. O perigo ronda a todos e vamos descobrindo gradualmente sobre o lugar, em meio a cliffhanger, o que faz o interesse crescer mais no cenário.
Outro aspecto interessante é o bom uso dos arquétipos ou, em geral, do bom desenvolvimentos dos personagens. Temos todos aqueles clichês que envolvem personagens em uma escola norte-americana: o nerd entusiasta de computador, o desajustado, o representante da diretoria maduro e responsável, e a partir desses clichês somos surpreendidos por mudanças que seguem os estranhos momentos que vivem….
A edição da Devir compila as edições em um volume de 112 páginas coloridas em papel couché, capa brochura. Com extras, das várias capas alternativas e esboços. Em suma, temos uma série a ser considerada, para aqueles que são atraídos pelo assunto e, apesar de não ter inventado nada de novo, se desenvolve bem e a dupla de autores cria as bases para uma história atraente, conseguindo compor uma narrativa fantástica que nos leva a bons momentos de leitura.
AUTORES
James Tynion IV é um roteirista que deu certo, pupilo de Scott Snyder, fez parte da equipe dos quadrinhos Fábulas e teve sua primeira oportunidade em 2011, quando a DC quis incluir uma série de apoio em Batman e Snyder, propôs a Tynion escrevê-la. Desde então, não parou mais. Co-autor com Snyder em ‘Batman Annual’ e conseguiu sua primeira série regular em 2012, nos Novos 52 e segue firme com vários títulos importantes na editora da Liga da Justiça. Mas a maioria de seus projetos fora do universo DC é para o Boom Studios!
Michael Dialynas, ilustra desde 2009, com obras para Image ou Dark Horse, para franquias como Adventure Time ou ‘fill-ins’ e acessórios para vários editoras (incluindo a Marvel e a DC). Até agora, era totalmente desconhecido para mim, mas seu traço funciona muito bem, com um estilo que me lembra um pouco o de Sonny Liew.
PS. O canal de televisão americano Syfy começou a desenvolver uma série baseada nos quadrinhos, mas o projeto parou. A adaptação para a tela foi escrita por Michael Armbruster, e os episódios deveriam ser produzidos e dirigidos por Brad Peyton .