Perfil Animação | Quem lembra de D’Artagnan e os Três Mosqueteiros?

Todos corajosos, sim,
Os famosos mosqueteiros
Os perigos a enfrentar
E ajudar terceiros
Mil donzelas a salvar
Os três mosqueteiros
Contra o mal sempre a lutar
E ao fraco ajudar
E nas lutas sem igual
Mil vitórias nos combates
Um por todos contra o mal
E todos por um (…)

Os versos dessa melodia talvez sejam difícil encontrar alguém nascido nos anos 1980 e 1990 que não os reconheça. Era o tema de abertura de D’Artagnan e os Três Mosqueteiros, uma série de animação que cativou muito pela forma de aproximar o clássico da literatura universal Os Três Mosqueteiros sem perder o ritmo ou a emoção do original.

Claudio Biern Boyd, criador da série de D’artagnan e os Três Mosqueteiro e outras de suas criações. 

No final da década de 1970, os estúdios japoneses de animação começaram a desenvolver outros gêneros que fugisse do estilo naves espaciais, comum na época. Um desses gêneros foi o de adaptação de clássicos da Literatura Mundial, como Rei Arthur e Pinocchio. A Nippon Animation (Hunter vs Hunter) tinha o projeto de adaptar esse clássico de Dumas e se associou com a espanhola BRB Internacional, que também tinha a ideia de produzir a mesma adaptação. D’Artacán y los Tres Mosqueperros ou Wan Wan Sanjuushi surgiu como uma produção hispano-japonesa, com o roteiro de Claudio Biern Boyd, conhecido por ser o rei da animação espanhola.

Estreou no Japão em 1981 no Japão na Espanha no ano seguinte, uma estreia que ousava com a literatura adaptada para criança, encantou e viraria febre no nosso país. Ela conquistaria toda uma geração acostumada a ver espadachins na TV e em muitos filmes, mas não em uma série em animação.

A História em si

A narrativa dos 26 episódios de D’Artagnan e os Três Mosqueteiros como já tratei é uma adaptação relativamente fiel do livro de Alexandre Dumas. Nela conhecemos o jovem destemido D’Artagnan, aspirante ao corpo de elite dos guardas do rei, os mosqueteiros do rei. Ele conhece três mosqueteiros chamados “os inseparáveis” – Athos, Porthos e Aramis, e acaba se envolvendo na política da França. Desse clássico, os produtores tiveram a liberdade criativa de transformar praticamente todos os personagens em cães.

Com episódios de 25 minutos, a animação trazia D’Artagnan, um filhote de beagle em sua Gasconha natal, de onde parte para Paris para se tornar o mosqueteiro do rei Luís XIII, o Justo. Lá ele conhece Athos (um São-bernardo), Pothos (um Pastor Alemão) e Aramis (Spaniel). E juntos enfrentarão os planos do malvado cardeal Richelieu (um lobo) e seus sinistros assistentes. Um romance com a jovem Juliette e a amizade com o rato Pip nos dão o resto dos ingredientes.

E foi assim que muitos daquela geração conheceram melhor os personagens literários de Dumas e procuraram ler mais da obra do romancista francês. Entretanto, não foi bem utilizado na versão brasileira o recurso que Claudio Biern Boyd fez com os nomes, a versão original tinha antropomorfizado até o título, como foi em Portugal (Dartacão e os os Moscãoteiros).

Uma série com honra e amizade

A TV Manchete começou exibir o desenho em 1983, após o sucesso já firmado em boa parte do planeta, inclusive na Europa, na Ásia e nos EUA (Dogtanian and the Three Muskehounds). Foi apresentado no programa Clube da Criança, apresentado pela então modelo Xuxa Meneghel. Os cantores Patrícia Marx e Luciano Nassym, lançados pelo programa, cantam a versão brasileira da abertura, o desenho continua sendo transmitido após a saída de Xuxa para a TV Globo, mas em toda a programação do canal no Nave da Fantasia com a Simony, na Sessão Animada, e no Lupu Limpim Claplá Topô, saindo da programação em 1986. Depois passou no SBT e em outras grades de canais fechados, saiu em VHS e DVD, ganhando o título de Dartacão e os Três Mosqueteiros, mais fiel ao original.

A série foi um sucesso em todo o planeta gerando um merchansiding em álbum de figurinhas, roupas, pelúcias, bonecos, adesivos, jogos de carta, como também quadrinhos, aqui publicado pela RGE, com 16 edições.

Houve uma continuação não tão boa em 1990, para ser bem generoso. A BRB International, juntamente com a Thames Television e a Wang Film Productions de Taiwan, produziu uma sequência intitulada O Retorno de D’Artagnan e baseada em outro livro de Dumas, O Homem da Máscara de Ferro. A história conta o que aconteceu após dez anos, D’Artagnan mora em Paris com Juliet e seus dois filhos, e seus antigos amigos mosqueteiros são um pouco mais velhos, mas se reencontram para ajudar a rainha Anne, que vê como o rei Luís XIII tomou algumas decisões que afetam o trono. A continuidade não caiu bem, com traços mais ocidentais, roteiro mais infantil, pastelão de longe da narrativa anterior, resultado: a sequência foi desprezada pelos fãs.

Mesmo com essa continuidade que não deu certo, os princípios de Honra e Amizade apresentados em D’Artagnan e os Três Mosqueteiros e cia, somados ao seu traço simples e o roteiro de heroísmo frente às injustiças, cativou uma turminha que hoje em dia até se indaga sobre animações com essa temática, mas que em meio ao amadurecimento, ainda vive suas memórias de infância e demonstra o quão a adaptação envelheceu bem.

ATUALIZANDO>>>

Em 2019, os estúdios indo-singapurense Cosmos-Maya para estrear nas nas longas-metragens, após anos de experiência em animação 2D e 3D, juntamente com a espanhola Apolo Films concluíram a pré-produção de um filme em animação 3D da série dos anos 80. O projeto de D’Artagnan e os Três Mosqueteiros terá uma hora e meia, e que segundo Claudio Biern Boyd, o criador da série original, combinará ação, comédia e romance em uma aventura para todos os públicos, por ser para todas as todas as épocas. Toni García dirige a partir de um roteiro original do roteirista Douglas Langdale (O Regresso de Jafar, Festa no Céu, As Aventuras do Gato de Botas, Kung Fu Panda) e Paco Sáez (Planeta 51, As Aventuras de Tadeo 2: O Segredo do Rei Midas ) é o diretor de storyboard. Não há previsão para lançamento, mas vale aguardar.