Crítica | Pantera Negra: Wakanda para Sempre

Quando estreou em 2018, Pantera Negra, poucos poderiam prever o que estava por vir. O que era pra ser “apenas” o 18º filme do MCU, o Universo Cinematográfico da Marvel, adaptando a história de um personagem menos conhecido da famosa editora, acabou se transformando em um verdadeiro fenômeno cultural. Não só levando multidões aos cinemas e concorrendo a diversos prêmios, como trazendo questões sociais ao cinema mainstream e entregando representatividade como poucas vezes visto. Depois de viver seu personagem mais duas vezes em filmes dos Vingadores, o protagonista Chadwick Boseman, morre de forma trágica e repentina. Dois anos depois, finalmente somos apresentados à aguardada continuação.

Pantera Negra Chadwick

Após a morte de seu soberano e defensor, a nação de Wakanda precisa enfrentar as constantes investidas das nações estrangeiras que buscam explorar o vibranium, raro minério da região. Até que percebem que não são os únicos que precisam defender sua soberania.

Com esse contexto, seria natural que o filme fosse carregado de emoções e é justamente o que acontece. O luto, e as diferentes formas de lidar com ele, é algo que permeia todo o filme. Tudo soa melancólico, até nas cenas de ação, e nunca o termo “alívio cômico” fez tanto sentido num filme de super-heróis. Alguns vão achar certos momentos piegas demais, mas ao mesmo tempo emocionará outros. Acho que tudo vai depender de como cada um se envolve com esses personagens.

Black Panther: Wakanda Forever

O filme é protagonizado por mulheres, o quarteto interpretado por Angela Bassett, Letitia Wright, Danai Gurira e Lupita Nyong’o serve como astros que parecem tentar encontrar uma nova órbita após perderem seu Sol. Somos apresentados a Namor, um importante personagem nas HQs, que aqui já ganha camadas que fazem dele um personagem promissor. É o antagonista, mas não o vilão. Brilhantemente interpretado por Tenoch Huerta, que deixa claro que estamos apenas começando a conhecer seu personagem.

Assim como no primeiro filme, dois aspectos técnicos se sobressaem: os designs e a trilha sonora. Wakanda ganha ainda mais vida, padrões e cores e, agora, além da vislumbrante adição de Namor, temos a submersa cidade de Talucan e seus habitantes que apresentam elementos das civilizações mesoamericanas e pré-colombianas, principalmente os Maias. Separados esses elementos já são imponentes, quando interagem é um espetáculo.

A trilha sonora é magnífica e consegue superar a do original. Os temas com influência dos povos originários da América Central não só trazem vida para o filme, como têm sua importância dentro da trama. O ‘canto das sereias’ é assombroso e merece destaque.

Como grande parte dos filmes de super-heróis, ele tem que agradar todo tipo de público. E como é um filme denso, temos a adição de uma personagem, Riri, vivida pela simpática Dominique Thorne, que acaba ficando um pouco deslocada e tira atenção do que realmente importa dentro da trama. Talvez por escolher abordar vários temas, algumas passagens são apressadas e soluções rápidas e repentinas atrapalham um pouco a imersão, além de resultar em falhas de ritmo e inflar o filme.

Mas nada que chegue a realmente atrapalhar a experiência que ‘Pantera Negra: Wakanda para Sempre’ pode proporcionar. Esse é, muito provavelmente, o filme de super-heróis com mais sentimento já realizado.