Crítica | Matrix Resurrections

Na virada do milênio, a franquia Matrix transformou pra sempre os filmes de ação e ficção científica, com muito estilo e originalidade misturava filosofia com estonteantes cenas de ação. Quase 20 anos depois, esses filmes ainda são atuais e únicos. E numa época em que é moda retomar franquias antigas com filmes que servem como continuação, reboot, remake e homenagem (tudo ao mesmo tempo), o quarto filme de Matrix é lançado.

Na história, acompanhamos Thomas Anderson que, apesar de sempre se sentir deslocado, se vê confrontado a questionar a realidade em que vive por estranhos que parecem o conhecer melhor do que ele mesmo.

Esse filme é corajoso e original, como os antigos. Abusando da metalinguagem, o roteiro traz vários comentários ácidos e questionamentos que dizem respeito não só ao que está no filme, bem como ao nosso mundo. Apesar de ser uma forma perigosa de se autorreferenciar, o filme vai levando bem essa questão sem cair no ridículo, embora chegue bem perto em alguns momentos.

A rica e intrínseca mitologia é expandida de forma que não se via desde o primeiro filme. Aqui os problemas começam a ganhar força. Vários novos conceitos são jogados sem dar tempo para o público assimilar, o que acaba prejudicando consideravelmente a experiência. Além disso, praticamente elimina as chances de uma pessoa que não conheça a franquia ou que não seja tão fã entenda minimamente o que está acontecendo.

The Matrix 4 Neo Keanu Reeves

Então, o que pareciam boas e inovadoras ideias começam a dar a impressão de que não passam de pedaços de uma enorme colcha de retalhos. Conforme o filme avança, os pilares que tornaram a franquia famosa são desconstruídos. A filosofia é barata e, em certos momentos, é terrivelmente boba e infantil. As cenas de ação são, surpreendentemente, genéricas e confusas, chegando a entediar.

Os novos personagens não possuem magnetismo algum e os antigos ganham novas interpretações sem qualquer personalidade. As atuações não chegam a ser dignas de nota: todas robóticas. Nem os carismáticos Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss conseguem salvar.

Matrix Resurrections tem seus méritos por pelo menos tentar entregar algo diferente, isso já é mais do que vemos por aí. Dessa vez, apenas uma das irmãs Wachowski está envolvida na produção e fica claro que a força estava na união das duas.

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