Crítica | Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Desde que o projeto foi anunciado se especulava que ele seria um filme de terror, o que parece um tanto desconexo com a constante que os filmes da Marvel Studios costumam seguir. Na época, o diretor era o mesmo do filme anterior, Scott Derrickson, que tem vários filmes de terror no currículo. Quando ele foi desligado da produção por diferenças criativas, as chances de temos um filme de terror pareciam ter se esvaído, até que o seu substituto foi anunciado: Sam Raimi, ninguém mais, ninguém menos que o diretor da primeira trilogia do Homem-Aranha e um dos mais influentes diretores de terror. Aí a preocupação passou a ser outra: Sam Raimi teria a liberdade necessária para pirar como ele gosta?

Na história, Doutor Estranho se vê, mais uma vez, obrigado a desbravar o multiverso, quando uma jovem surge de outro universo, perseguida por um demônio que promete bagunçar com o frágil equilíbrio entre as realidades.

O filme começa de forma problemática: o roteiro é corrido e confuso. A revelação de quem seria o antagonista ocorre num piscar de olhos, além disso, não é nada amigável com o público desavisado, que não é fã ou, ao menos, familiarizado com o Universo Cinematográfico da Marvel, o MCU. A personagem America Chavez, interpretada por Xochitl Gomez, é jogada na trama e pouco desenvolvida, o que é uma pena, já que é muito carismática. A impressão que dá é a de que Sam Raimi parece uma criança ansiosa para mostrar algo incrível, mas para isso precisa contar uma história e acaba fazendo uma introdução toda bagunçada.

E, de fato, o que se segue após esse primeiro ato é realmente incrível, principalmente em questões técnicas. Esse é realmente um filme de Sam Raimi, a assinatura do diretor está presente em tudo. Os elementos de terror dão o tom do filme, tem de tudo, inclusive influências à cinegrafia do próprio diretor, além de filmes como “Ringu: O Chamado” e “Carrie, a Estranha”. É, provavelmente, um dos filmes de super-heróis mais violentos já realizado, mesmo levando em consideração aqueles com classificação etária mais alta.

Outro ponto que chama a atenção e salta aos olhos é a psicodelia, que alcança novos patamares aqui. Alguns momentos são muito criativos, como uma espécie de “batalha sinfônica”, que funciona em conjunto com a trilha sonora. A trilha sonora é brilhantemente comandada por Danny Elfman, que entende que tipo de filme é esse e coloca várias referências sem medo de parecer brega.

Tanto Benedict Cumberbatch, quanto Elizabeth Olsen, conseguem entregar ótimas atuações e, de certa forma, até complementares e que se transformam muito durante a história, sempre sendo convincentes e abraçando a cafonice quando necessário.

Como era de se esperar, o filme traz várias surpresas. São algumas participações especiais que vão agradar os fãs e premiar aqueles que acompanham os personagens há décadas. No entanto, a temática de multiverso poderia gerar ainda mais surpresas, mas fica a impressão que acertaram na dose, pra um filme já apressado.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é uma viagem divertida, psicodélica e, por vezes, assustadora e violenta.

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