Crítica | Coringa

O Coringa de Todd Phillips estréia hoje 03 de outubro em todos os cinemas do Brasil e vale aqui um aviso: Não leve suas crianças ao cinema, pois este não é um filme de super herói.

Joaquim Phoenix é Arthur Fleck, um homem que vive em Gothan City com sua mãe doente em um prédio bem pobre.

Ele tenta acreditar que sua função é fazer as pessoas felizes, cuidando de sua mãe e trabalhando como palhaço, brincando com crianças doentes em hospitais ou sendo um  simples homem placa, e na verdade sonhando em ser um comediante.

Arthur Fleck - O Palhaço Homem Placa
Arthur Fleck – O Palhaço Homem Placa

Mas será que a cidade está aberta a aceita-lo?

Gothan City está vivendo o caos. A coleta do lixo foi suspensa e existe um ataque de ratos gigantes. E as pessoas não se preocupam mais com os outros. A diferença entre classes está ficando cada vez maior e a cidade está prestes a entrar em colapso.

E Arthur quer chorar, mas ele ri. E ri muito, descontroladamente, doentiamente, pois possui um distúrbio que o faz rir quando está nervoso. E as pessoas não entendem isso, e o tratam como um louco.

Mas será que Arthur é louco ou ele só quer encontrar seu espaço?

E como viver num mundo onde simplesmente ninguém te enxerga? Como manter um sorriso no rosto 24 hrs por dia onde todos tropeçam em você e nem pedem desculpas?

Joaquim Phoenix - Coringa
Joaquim Phoenix – Coringa

Coringa de Todd Phillips com o inacreditável Joaquim Phoenix é uma obra prima da loucura, que traz todas estas reflexões para o seu publico.

Sei que posso ser apedrejado por dizer isso, mas não sou fã de nenhum filme do Batman que já foi feito até hoje. Nem dos Batmans coloridos iniciais, nem os Batmans de Christopher Nolan, com suas chatissimas crises existenciais.

Portanto, ao ver o trailer de Coringa, era perceptível que ali não existia nada de filme de super herói, e foi isso que me atraiu.

Coringa é um drama!

A história da criação de um psicopata.

Diferente do Batman de Nolan, o Coringa de Todd Phillips consegue tratar suas crises existenciais, pois ele percebe que somente reagindo ao mundo que o oprime é que ele passará a ser percebido como uma pessoa.

E isso pode ser bom e também pode ser ruim.

Coringa é realmente um filme perigoso, dependendo muito do ponto de vista de quem o assiste.

O filme transforma O Coringa em um símbolo de alguém que luta contra a opressão da sociedade que o cerca.

Pode ser uma mensagem errada, que pode gerar estrago em cabeças adolescentes, que vão achar que vingança é a solução?

Não vou negar que isso possa acontecer, pois o talento de todos os envolvidos neste filme é tão grande que ele mexe com nossa cabeça e é preciso manter os pés no chão e trabalhar todos os gatilhos trazidos pela produção.

Com certeza Arthur Fleck já era um pouco insano, mas o que o tira do eixo realmente é o meio onde vive devido as pessoas que o rodeiam. Os colegas de trabalho, a vizinha e até sua mãe.

Phoenix começa nos mostrando um Arthur frágil, que apanha de meninos na rua e que está sempre tentando acertar. Além de seu trabalho como palhaço, ele também frequenta sessões com uma assistente social, onde no fundo vai somente para buscar receitas de remédio, já que a Assistente Social simplesmente não escuta o que ele tem a lhe dizer.

E durante o filme ele vai colecionando fracassos e passa a ser cada vez mais humilhado, até que uma hora ele reage.

O Coringa e as coreografias da loucura
O Coringa e as coreografias da loucura

Como sabemos o background do personagem, o nosso clima de tensão vai crescendo, pois sabemos que aquele frágil rapaz deve virar um vilão cruel, mas o roteiro é tão bom que mesmo esperando por momentos de violência, quando ela chega, nós ainda somos muito surpreendidos.

Principalmente porque neste filme tudo é tão bem feito!

A fotografia, o design de produção, o figurino, a maquiagem, o roteiro, a trilha sonora e a atuação de Phoenix são tão perfeitos, que a gente, como público, chega até a ficar constrangido em ver a decadência de Arthur.

E Phoenix vai se transformando a cada humilhação, pois Arthur vai se tornando mais seguro, até que surja O Coringa.

O Coringa
O Coringa

No começo a câmera filma Arthur mais por cima, como se ele carregasse o mundo nas costas, mas quando a transformação vai ocorrendo, a câmera passa a buscar o personagem de baixo para cima, como se de repente ele passasse a ser um herói a ser idolatrado.

Joaquim Phoenix é magistral. Parece que todos os seus papeis ate hoje lhe prepararam para ser O Coringa.

As suas crises de risadas são mais assustadoras do que muito filme de terror existente por ai. E tremendamente constrangedoras.

Mas o ator não fica só na risada. Ele literalmente carrega o filme nas costas, na triste cena inicial, na psicodélica cena do trem, na aflitiva cena do Asilo Arkan, na já icônica cena da escadaria e na cena final no programa de televisão.

Será muita injustiça se Joaquim Phoenix não ganhar o Oscar de melhor ator este ano.

A direção do filme também é impecável e isso é surpreendente, já que o curriculum de Todd Phillips é a serie Se Beber Não Case.

Aqui ele sai completamente de sua zona de conforto e mostra que tem muito potencial, colocando a câmera em planos incríveis e criando os closes mais doentios que eu já vi no cinema.

Todd Phillips e Joaquim Phoenix tiveram uma comunhão e criaram a obra de arte de 2019.

É de se aplaudir de pé a entrega destes dois artistas a este projeto tão diferente.

Um filme extremamente corajoso, incômodo e que deve ser visto com cuidado e senso critico, mas uma obra cinematográfica fenomenal. Tecnicamente perfeita!

Veja o trailer abaixo e tente resistir a vontade de assistir a este filme no cinema.

E você, já assistiu a este filme? Gostou ou esperava mais?

Você acha que o filme idolatrou demais o vilão?

Vamos conversar nos comentários.

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