Crítica | Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald

Revisitar o universo de Harry Potter não é uma tarefa muito fácil, e nem para a própria J. K. Rowling criadora e agora roteirista de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald e dos próximos filmes da franquia, Rowling consegue sem dúvidas nenhuma aquecer os corações dos seus fãs mais nostálgicos.

Se no primeiro filme J.K. Rowling conseguiu ampliar e estabelecer bases concretas com essa nova franquia nos apresentando Newt Scamander em sua aventura pelos Estados Unidos, temos uma história muito bem apresentada e personagens também bem construídos, já nesta sequência temos uma aventura episódica que tenta discutir conflitos, mas que ao fim os personagens continuam do mesmo jeito que começaram, salvo algumas informações que os fãs discutem há anos nos fóruns em todo mundo.

Jude Law como o jovem Dumbledore.

A trama agora divide seus 4 protagonistas e os coloca em subtramas que são ineficientes e que eventualmente são forçadas a se colidirem no terceiro ato, há personagens sendo apresentados a todo momento sem que nenhum seja desenvolvido de forma que esperamos, a personagem da Katherine Waterston (Tina Goldstein) fica jogada na trama, os personagens de Alison Sudol ( Queenie Goldstein ) e Dan Fogler (Jacob Kowalski) tem um conflito interessante que tem um final avassalador. O personagem de Ezra Miller (Credence Barebone) é o motivo de todos personagens se reunirem em Paris, inclusive o Grindelwald, e  apenas isso, aliás Johnny Depp como Grindelwald tem uma atuação comedida, que surpreende mas que ainda não mostrou a que veio, e tem um discurso de recrutamento que faz uma contextualização muito forte com certas políticas atuais. Já Leta Lestrange (Zoë Kravitz), que teve uma expectativa absurda sobre sua personagem no primeiro filme, aqui a personagem tem sua participação reduzida a uma grande cena de diálogos expositivos e que a autora trabalha a relação dela com os irmãos Scamander de uma forma interessante e que simplesmente é finalizado bruscamente.

Newt Scamander e seus animais.

Já Jude Law como o jovem Dumbledore é outro grande acerto do longa, o ator consegue captar a essência do personagem sem parecer imitar o Richard Harris e o Michael Gambon, o roteiro reforça que seu personagem é o único a altura para enfrentar o  Grindelwald e vemos a dificuldade do personagem com essa ideia, sobre a sexualidade de Dumbledore, mesmo a autora já tendo declarado que o personagem é homosexual no longa só os fãs mais ávidos talvez notem certos indícios sobre isso.

Tecnicamente o filme enche os olhos, o cuidado com o design de produção e figurino continuam absurdos e tornam o filme um verdadeiro evento, sem contar a evolução dos efeitos especiais que melhora a cada filme da franquia e é perceptível ver que o filme é pensado para ser visto em 3D, e não só para inflar a bilheteria. David Yates se mostra confortável na direção e dá um tom mais denso para o filme (já é seu sexto filme no Wizarding World) e mostra uma França sem muitos detalhes. É muito gratificante notar a preocupação da  produção em encaixar os animais fantásticos na narrativa sem que pareça forçada, até temos um vislumbre do circo mágico que infelizmente tem pouco tempo em tela.

Grindelwald e Dumbledore.

Os Crimes de Grindelwald  talvez sofra dos mesmos problemas de Han Solo: Uma História Star Wars, onde o que segura o filme é justamente todas as referências que são jogadas o tempo todo, e pra algum espectador de ocasião não seja a melhor opção já que não é pensado para angariar fãs, mesmo trabalhando um confronto e um perigo iminente ao fim temos um tom agridoce, e por conta da grande revelação nos minutos finais o filme se torne relevante para a franquia.

A impressão que fica é que J.K. Rowling que é uma ótima escritora sofre em transcender suas ideias pra outra mídia que é o cinema, e Os Crimes De Grindelwald serve apenas como uma preparação ao que está por vir na franquia e se fosse escrito por alguém mais experiente seria apenas um bom primeiro ato. Agora é preciso esperar até 2020 quando o próximo filme chega e torcer para que a história finalmente deixe esse tom introdutório dos dois primeiros filmes.

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