Crítica | Adão Negro

Depois de seguidos tropeços da Warner, na tentativa de criar um universo compartilhado com os super-heróis da DC, a exemplo do que acontece com notório sucesso na concorrente Marvel, o estúdio acabou conseguindo êxitos em filmes como ‘Coringa’ e ‘The Batman’ que, justamente, renegam essa história de um universo interligado. Mesmo assim, volta e meia eles tentam engrenar seu próprio universo nos cinemas. Adão Negro é a mais nova tentativa.

Após passar quase 5.000 anos adormecido, Adão Negro desperta com seus poderes mágicos nos dias de hoje, disposto a apresentar seu senso de justiça ao mundo.

O filme é inteiramente Dwayne “The Rock” Johnson. Não há muito mais o que se discutir sobre as habilidades de atuação dele. Ele não é um bom ator, fato. Mas esbanja carisma. E músculos. Menos os faciais, esses parecem não existir. Não sei se é alguma forma bizarra de malhar esses músculos com isometria, mas o ator praticamente não muda de expressão por todo o filme.

Como era de se esperar, é recheado de cenas de ação e, pelo menos na primeira metade do filme, elas funcionam muito bem, introduzindo o quanto o personagem é poderoso e ameaçador. Mesmo abusando da câmera lenta, elas têm um ritmo frenético e às vezes parecem grudadas uma na outra.

Por incrível que pareça isso é bom, porque quando não temos uma eletrizante cena de ação, temos uma sonolenta história que parece não nos levar a lugar nenhum. E no fim é aí mesmo que chegamos. Tudo isso embalado por terríveis coadjuvantes. Em especial o núcleo humano, que deveria servir como os olhos do público. Mas coitada da pessoa que conseguir se identificar com personagens tão irritantes.

Uma das atrações principais do filme é uma equipe de super-heróis chamada Sociedade da Justiça. Ela é muito mal introduzida e não se tem tempo de trabalhar os seus integrantes. Mesmo assim o roteiro dá muito espaço para eles, bem mais que o esperado. E dois deles acabam se destacando: Gavião Negro e Dr. Destino, vividos por Aldis Hodge e Pierce Brosnan, respectivamente. Eles geram bons momentos e o carisma de seus intérpretes acabam salvando algumas cenas. Os outros dois integrantes pouco acrescentam e nem são dignos de nota.

Os vilões são uma lástima. Mais clichês, impossível. Primeiro temos soldados uniformizados genéricos que só estão lá para serem vencidos, um líder sem motivação alguma e a personificação do mal mais básica possível: o diabo. Sim, genérico nesse nível.

O ato final é um desastre completo. Além do diabão em CGI, até as cenas de ação caem de qualidade e passam a dar sono. O roteiro parece totalmente perdido, a cada corte estamos em um cenário diferente. Os personagens parecem tão perdidos quanto os roteiristas. Uma loucura.

Mesmo com todos esses enormes problemas ‘Adão Negro’ consegue divertir, pelo menos até sua primeira metade. E aí fica a pergunta: esse é o filme que veio para botar o universo cinematográfico da DC nos trilhos? Bom, eu diria que não, mas é um filme com carisma, algo que filmes anteriores não tinham.