Estreou sexta feira na Netflix a 4ª e ultima temporada da polêmica série 13 Reasons Why.

Esta talvez seja a série mais controversa da Netflix, com o mesmo número de defensores e de haters.
Este texto contém pequenos spoilers de cada temporada. Se você ainda não assistiu estas temporadas, acredito que seja melhor você assistir e depois voltar aqui para ver minha opinião. Mas se já viu, siga comigo e deixe sua opinião nos comentários para que eu possa saber o que você acha desta série tão polêmica.
Muitos alegam que a série trata temas pesados de maneira irresponsável.
Eu sempre discordei disso, e fico no grupo de fãs, mas infelizmente tenho que dizer que foi bem difícil assistir a esta última temporada.
Até o quinto episódio parecia até que tinham trocado todos os roteiristas da série, e os que foram contratados não tinham nem assistido as outras temporadas, pois os personagens passaram a ter atitudes completamente divergentes das personalidades que já tínhamos conhecido e nos acostumados.
Mas os últimos episódios fizeram valer a pena a jornada, e mesmo dizendo que esta ultima temporada foi fraquíssima, tenho que concordar que a série conseguiu dar um final digno para sua historia.
HISTÓRICO 13 REASONS WHY
13 Reasons Why – O LIVRO

13 Reasons Why estreou na Netflix em 2017, contando a história de Hanna, que se suicida e deixa 13 fitas cassetes, contando os 13 motivos pelo que qual chegou a esta situação extrema. Cada fita um motivo. Cada fita uma pessoa.
Eu tinha lido o livro para ler a série e para mim tinha sido uma experiência difícil, pois achei o livro muito fraco.
Lendo ali, não encontrei motivos para a atitude de Hanna, mas como a resenha que fiz na época dizia, após ler o livro eu tirei meu chapéu de “senhor de 40 anos” e coloquei meu boné de adolescente, vendo que a idade tem um grande impacto sobre a nossa visão do mundo.
E isso me preocupou, pois eu em meus 40 anos não me lembrava mais daquelas sensações, então para mim todos os problemas de Hanna me pareceram frescuras.
Sendo assim, decidi assistir a série e fui positivamente surpreendido.
13 Reasons Why – A 1ª TEMPORADA
A primeira temporada de 13 Reasons Why criou um background para todos os personagens que no livro eram vazios. E desta maneira conseguiu me atingir fundo, passando a sensação de dor de Hanna (Katherine Langford), de sua família e até de seus amigos.

A cada episódio uma fita era escutada e um personagem era conhecido, nos mostrando sua personalidade e qual ato seu afetou a decisão de Hanna.
O roteiro era perfeito, ajudado por uma fotografia perfeita onde o passado era colorido e o presente era fosco, como se a morte de Hanna tivesse tirado o brilho de tudo.
Tudo isso com uma sensacional trilha sonora (saudades da cena do Baile com The Night We Met de Lord Huron, ou a cena de Hanna e Clay juntos ao som de A Thousand Times ou a cena do suicídio ao som de uma versão sexy e horripilante de The Killing Moon)

E para completar o pacote, um ótimo elenco juvenil. Como não se apaixonar por pela Hanna de Katherine Langford ou ficar aflito com o Clay de Dylan Minnette?
A primeira temporada discutiu suicídio, drogas, bullying, descoberta sexual e principalmente o estupro, trazendo cenas extremamente fortes.
E ali eu realmente percebi o quanto minhas preocupações de quarenta anos estavam distantes das preocupações daqueles jovens, e isso acendeu um sinal na minha cabeça, pois tenho dois filhos pequenos. Quando meu filho mais velho tiver 15 anos, eu terei 51. O mais novo eu terei 56. Como poderei saber o que eles sentem com tanta diferença de idade?

Sendo assim, eu acho que a primeira temporada de 13 Reasons Why é de extrema importância, para que o adulto lembre que tudo aquilo existe (Hoje até mais do que na minha época) e para os jovens é importante assistir para que percebam que não são os únicos que têm problemas e que precisam e podem pedir ajuda.
A série fez um enorme sucesso, e gerou diversas discussões.
No fim, muitos a consideraram irresponsável pela maneira que tratava o suicídio, e a polêmica foi tanta que em 2019 a cena do suicídio de Hanna foi inclusive retirada da série.
Na minha humilde opinião, um desserviço a todos, pois a visão gráfica do suicídio apresentada ali não era nada romântica como dizem por ai, mostrando que não existe nada bonito neste ato, o que para mim era uma mensagem completamente importante.
Mas infelizmente o politicamente correto venceu.
13 Reasons Why – A 2ª TEMPORADA
O livro é único, portanto termina no mesmo ponto que a 1ª temporada da série.
Mas a série fez sucesso, então como não fazer uma nova temporada?

E assim chegamos a 2018 com a segunda temporada, que muitos acharam desnecessária.
O caminho escolhido pelo Showrunner da série foi criar um julgamento.
A mãe de Hanna decide processar a escola da filha, por ter sido permissiva com o bullying que levou Hanna a cometer suicídio.
Desta vez, a cada episodio, um dos personagens que tinha sido uma fita na primeira temporada, passa a depor no tribunal dando a sua visão sobre o que Hanna nos contou na primeira temporada.

E isso foi extremante importante, pois ali conhecemos uma outra Hanna, vendo que tudo tem dois lados.
A serie nos mostra que Hanna não era nenhuma santa, mas mesmo assim não merecia o que ocorreu.
Esta temporada discute o papel da mulher que deve ser ouvida, o poder do machismo, drogas novamente e um novo tema muito importante que é o acesso de americanos à armas de fogo.

E o final desta temporada é completamente agridoce, onde parece que todos os vilões se dão bem , algo que infelizmente não é diferente da vida real.
Mas o ponto mais forte da segunda temporada, e na minha opinião a cena mais forte que já vi em uma serie de televisão até hoje, é uma nova cena de estupro que mais uma vez causou polêmica, onde novamente muita gente achou-a pesada e desnecessária, mas que na minha opinião esteve completamente no contexto e serviu de motor para a temporada seguinte.

As ultimas cenas desta temporada são as mais aflitivas de todas as temporadas.
13 Reasons Why – 3ª TEMPORADA
Nesta temporada temos um assassinato, Bryce, o grande vilão das temporadas anteriores foi assassinado.

Agora a cada capitulo íamos vendo o motivo que cada personagem tinha para fazer aquilo
A polêmica da vez foi a criação de uma nova narradora, Ani (Grace Saif), uma garota que chega na escola aquele ano e que mora na casa de Bryce (Justin Prentice), onde sua mãe é empregada.

No começo não curti muito a presença de Ani , mas aos poucos o roteiro foi me convencendo e logo comprei a amizade daquele grupo.
E assim a série continua discutindo temas importantes como drogas, relações familiares, homossexualismo, armamento, aborto, feminismo e o principal: O poder da amizade.
O grupo fica mais coeso, ajudando-se entre eles até um belo final, onde descobrimos o assassino e não conseguimos condená-lo.
Mais uma vez a série nos colocou contra a parede, contra nossas próprias crenças e moralidade.
Para mim esta temporada tem uma das cenas mais bonitas dentre todas as cenas de séries da Netflix que é a cena em que Tyler (Devin Druid) conta a Clay o que lhe aconteceu. Um show dos dois atores, do roteirista e de toda a produção da série. Impossível não ter lágrimas nos olhos com tanta dor.

13 Reasons Why – 4ª TEMPORADA
Ao estrear a 3ª temporada, Netflix já avisou que estavam gravando a 4ª e última temporada da série.
Como eu disse, para mim a estória já estava bem fechada, mas… como fã ficou impossível não assistir a 4ª temporada.
Esta começa com um funeral, algo que eu não tinha percebido vendo o trailer. E para atiçar o telespectador, desta vez não sabemos quem morreu.
A estória gira em torno da morte de Montgomery (Timothy Granaderos), que foi injustamente acusado da morte de Bryce na temporada anterior.

Winston (Deaken Bluman), que no final da temporada anterior descobrimos ser o álibi de Monty e os amigos do time de futebol não aceitam isso, e querem descobrir o verdadeiro culpado.
Eles sabem que Clay e o grupo de amigos estão acobertando a verdade.
Junto com esta historia, a intenção da produção esta vez é discutir a saúde mental e a diversidade, porém para mim, a tratativa de ambos os temas foi extremamente exagerada desta vez.
Nesta temporada temos somente 10 episódios, mas durante pelo menos 7 deles, parece que os roteiristas resolveram descaracterizar todos os seus personagens.
Clay vinha surtando desde a primeira temporada, pois era apaixonado por Hanna e sempre se sentiu responsável por não ter conseguido ajuda-la. Na segunda temporada, ainda na onda do sucesso de Hanna, Katherine Langford voltou a série como um fantasma que vivia conversando com Clay.
Ali esta receita funcionou, pois havia um conceito. Clay precisava de conforto.
Aqui nesta 4ª temporada, os que voltam para atazanar Clay são Bryce e Montgomery, o problema é que suas aparições são extremamente exageradas, pois Clay está surtando demais.

Na primeira vez que eles aparecem já sabemos que é um surto, mas isso passa a se repetir em todos os episódios, então confesso que passei meia temporada esperando Clay ser internado, e achei isso extremamente fraco. Como disse, os roteiristas desta temporada pareciam não ter assistido as outras temporadas.
Era explicito que Clay estava surtando e podia se tornar alguém perigoso, mas ninguém fazia nada.
Amigos, familiares, todo mundo com o histórico de Hanna, Alex e afins, simplesmente passaram capitulo e mais capítulos perguntado a Clay : Está tudo bem?? Difícil de engolir.
Outro descaracterizado foi Zach (Ross Butler). Na primeira temporada ele era um dos babacas do time de futebol, mas desde a segunda temporada conhecemos outro lado do personagem, que se demonstrou um homem de bem, sempre disponível a ajudar. Aqui na 4a temporada deu pena de ver o que os roteiristas deixaram para ele. Para mim, nunca que aquele personagem agiria de maneira tão autodestrutiva , por maior que fossem seus traumas.

Mas a personagem que foi mais contra seu perfil foi Jessica (Alisha Boe).
Jessica e Justin (Brandon Flynn) seguem sendo os melhores personagens da série, mas aqui Jessica tomou decisões que não combinam com seu passado.
Na primeira temporada ela foi estuprada, sendo que seu próprio namorado permitiu que isso acontecesse. Na segunda temporada ele teve que assumir isso na frente de todos, assumir que amava Justin apesar de seus erros e buscar por uma justiça que não veio, na terceira ela se torna uma feminista que busca acabar com o machismo na escola, e ai chega aqui na 4 a temporada e ela se envolve com um jogador de futebol como se nada tivesse acontecido e tudo bem?
Por fim temos os relacionamentos homo afetivos, que já vinham sido muito bem discutidos desde a primeira temporada com Tony (Christian Navarro) e Caleb (R.J. Brown) e com Courtney (Michele Selene Ang) se descobrindo sendo filha adotiva de um casal gay. Mas aqui a produção achou que era essencial falar bem mais sobre isso, e diversos casais surgiram, sendo que no Baile de Formatura temos mais casais gays do que héteros na festa, algo que para mim soou simplesmente panfletário e desnecessário.
E o ápice do ruim é um capitulo totalmente desnecessário onde eles vão fazer um acampamento com a escola. É o capitulo 4. Se você ainda não assistiu esta temporada, pode pular este capitulo, pois ele traz momentos de vergonha alheia.
Já no capitulo 6 chamado Segurança Máxima, nos traz um acontecimento na escola de maneira bem exagerada, mas mostra um problema que deve ser muito grave nas escolas americanas, que devido a grande onda de massacres existentes por lá, vem sendo obrigada a trazer a policia para dentro da escola. Infelizmente a solução trazida pela produção é incorreta demais, o que faz o problema discutido perder um pouco de sua força, mas é um bom capitulo.

Porém os melhores capítulos são realmente os dois últimos, onde a série retoma as características dos seus personagens e traz novas discussões de temas importantes que eu sinceramente não esperava ver por aqui.
E a série consegue fechar seu arco, trazendo um pouco de esperança para aqueles jovens que se tornaram nossos amigos.
Uma das cenas mais bonitas desta ultima temporada é quando Clay lê a carta de Justin. Preparem seus lenços.
Ali ele percebe que todo seu esforço foi valido, mesmo que a vida não tenha ocorrido como ele a idealizou.

Se você acompanhou a série até aqui vai valer a pena chegar até o fim, mesmo que esta temporada tenha tantos momentos ruins.
Talvez desta vez não de para maratonar 13 Reasons Why, mas siga devagar.
Eu sentia que devia isso à aqueles personagens, como se eles fossem meus amigos.

Para mim 13 Reasons Why é uma série necessária para pais e filhos.
Pais precisam lembrar que nem tudo é frescura.
Adolescentes precisam saber que nem tudo é o fim do mundo.
E só a criação de dialogo entre estas duas gerações já é um evento a ser celebrado.
E você, acompanhou toda a série? Faz parte dos Haters ou dos Fãs?
Acha que a série é irresponsável ou necessária? Qual a sua opinião?
Converse com a gente nos comentários.
E se você curtiu esta resenha, temos muitas outras resenhas de séries clicando aqui.
Fique com a gente e nos indique para seus amigos que curtem cultura hype!